Personalidade e Eneagrama – WIF Partners

OUVI FALAR DE ENEAGRAMA; E QUERO SABER MAIS…

Com tudo o que nos rodeia e sentimos nos últimos meses, surgem inquietações e questões mais profundas, como:

Quem sou eu? “Eu” como pessoa?

O que fazer com tudo isto que sinto?

Como lidar com tudo o que sinto dentro e fora de mim?

Qual a minha missão neste mundo?

Com estas e tantas outras perguntas iniciamos a nossa procura de mais autoconhecimento e, de diversas possíveis abordagens, um amigo fala-nos do eneagrama. Aí, frente ao meu pc ou telemóvel pesquiso na net.

Resposta imediata da net à palavra “ENEAGRAMA” é … teste.

Será a realização de um teste a forma mais adequada para ser o primeiro contacto com o Eneagrama?

Há, hoje em dia, uma tentação muito forte para procurarmos respostas rápidas mesmo para questões profundas. No entanto, será essa a abordagem que melhor nos satisfaz face aos resultados que gera? Já há testes que têm validade, sim; no entanto não recomendo que este seja o primeiro contacto com o eneagrama. Considero mesmo que tal desvirtua o próprio eneagrama, reduzindo-o a um teste de personalidade. O eneagrama é muito mais que isso!

Eneagrama é um conhecimento milenar, simples e profundo que possibilita a cada um de nós:

  • encontrarmo-nos connosco próprios, acolhendo o que somos;
  • ganhar compaixão por nós e pelos outros;
  • aumentar a nossa consciência facilitando a nossa transformação e desenvolvimento pessoal;
  • descobrir e potenciar o melhor de mim;
  • reforçar a interação e equilíbrio dos quatro pilares humanos fundamentais: corpo, mente, emoção e espiritualidade (sendo que espriritualidade nada tem a ver com religião ou exoterismo).

Na minha experiência de mais de 20 anos de aprofundamento com o eneagrama, vi muitas partilhas de experiências de vida reais. Recordo pessoas que ficaram muito tristes ou desoladas com a personalidade que um teste lhes indicou, chegando mesmo a negar esse mesmo resultado. Ou, pior que isso, ficarem muito satisfeitas porque a sua personalidade não é “uma das piores”. Como se houvesse personalidades melhores ou piores. Parece-me importante que todos saibamos que, na tradição e conhecimento do eneagrama, todas as personalidades são diferentes e não há melhores ou piores; há diferenças entre todas.

Também percebi que as pessoas ficam sem saber para que lhes serve na realidade serem “rotuladas” com um dos 9 tipos de personalidade existentes, levantando este aspecto da rotulagem ou esteriotipagem, muitas questões que advêm do uso indevido do conhecimento e não do próprio conhecimento.

Presenciar a descoberta interior de cada um ao se confrontar ele próprio com o conhecimento milenar que compõe a tradição do eneagrama e com a sua realidade humana no dia a dia da sua vida concreta, é fantástico.

É realmente fascinante para cada um:

  • Vivenciar a sua autodescoberta;.
  • Encontrar clareza na forma como encontra o melhor de si próprio
  • Perceber como se consegue vislumbrar também o melhor dos outros, chave para facilitar relacionamentos.

E tudo isto não deve ser negado a ninguém fazendo um teste.

Frequentemente tenho ouvido: – “è incrível a sensação de me ir encontrando nas palavras que leio ou oiço na descrição do meu tipo” . Como perceberá, isto faz toda a diferença na aceitação que fazemos de nós próprios.

A questão da “rotulagem” infelizmente muito associada ao eneagrma, pode consequentemente acontecer por dois frequentes maus hábitos.

  • O primeiro, é o próprio se limitar a fazer um teste de eneagrama e pensar que descobriu sobre si tudo o que o eneagrama tinha para lhe proporcionar de descoberta e tomada de consciência.
  • O segundo, advém de pessoas e organizações que já fizeram as etapas iniciais acharem que podem identificar os outros facilmente, esteriotipando a observação dos comportamentos alheios, e reduzindo a riqueza humana de cada ser à descrição da sua personalidade.

Na verdade, cada um de nós para além da sua personalidade, tem a sua própria experiência e essência. Mas o eneagrama propõe-nos integrar todos estes conhecimentos e demonstra-nos que o próprio é quem realmente conhece as suas motivações interiores que originam os seus comportamentos, não sendo correto que terceiros, só pela observação dos comportamentos, rotulem os outros, como que os reduzindo a uma descrição.

No Iesh – Instituto eneagrama Shalom do qual sou facilitadora e membro ativo, defendemos a ideia de que este valioso conhecimento deve ser usado com ética para desenvolver compaixão por todos, entendendo as diferenças de cada um face a nós próprios e aceitando a humanidade que existe em todos. Aceitando tudo o que isso tem de fantástico mas também de incómodo, como fonte de transformação e crescimento em confronto com a rotulagem, que demonstra predeterminismo e incapacidade de mudança.

O eneagrama ensina que há motivações diferentes para iguais comportamentos. Este é outro dos fatores que me leva à recomendação de ser o próprio a identificar-se e não um teste ou uma terceira pessoa. Mesmo havendo engano nessa identificação, ela corresponde a um processo precioso e único de auto análise e auto observação que é riquíssimo e recomendável.

Se não pelos testes, como recomendo que seja feita a primeira abordagem a este conhecimento?

Acredito e considero que de facto existem outras abordagens, mais demoradas mas muito mais ricas, na forma de identificação do eneatipo de cada pessoa.

A identificação do nosso eneatipo é sem dúvida uma abordagem essencial e inicial que possibilita depois o acesso a outros conceitos, conceitos estes até muito mais relevantes para nós enquanto indivíduos, como é o da Essência. Mas é bom iniciarmos pela personalidade. No entanto, a riqueza e profundidade da nossa experiência de autoconhecimento é alvo de escolha individual. Essa é a minha motivação em escrever este artigo, trazer-lhe a minha perspetiva, para mais abrangência da sua tomada de decisão.

A possibilidade de experienciar a percepção mesmo que inicial, de como os próprios comportamentos fazem sentido porque são expressão de motivações interiores fortes e profundas deve ser possível e acessível a todos. Existem para isso bons livros e cursos de iniciação que o possibilitam. Desta forma, conseguimos sem julgamento entender que não há eneatipos bons e outros maus. Simplesmente são todos diferentes e até pedagógicos uns para os outros. Acredito também que integrando vivências presenciais ou escritas, entramos com maior profundidade neste caminho de crescimento interior que o eneagrama possibilita a quem o queira conhecer. Além de que isso nos permite também desenvolver com respeito pela tradição e, acima de tudo, com respeito por nós próprios enquanto pessoa humana.

Após algum conhecimento deste saber, fazer um teste para validar toda a nossa auto observação e autoconhecimento pode ser muito interessante. No entanto, como primeira abordagem, antes de ser desenvolvido em nós o conhecimento suficiente que nos permite saber aceitar como verdadeiro o resultado do teste, pode até ampliar a natural tendência de o considerar errado ou engano e isso pode prejudicar ou atrasar o nosso próprio processo de crescimento e transformação consciente.

Depois de toda esta partilha, a decisão continua a ser sua, como sempre será; apenas desejo ter contribuido para que a sua seja mais consciente e menos impulsiva.

Ana Sousa

Executive & Team Coach, Life Coach, Facilitadora, Consultora

Managing Partner WIF Partners

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